
A função sexual representa um componente importante da saúde e da qualidade de vida.
O curioso é como ainda não nos acostumamos a falar da função sexual saudável, numa perspectiva de prevenção e cuidado.
Ainda é preciso partirmos do ponto da queixa, do que não está bom, do que não funciona bem, do que traz desconforto, dor e constrangimento.
Comumente, fala-se em desejo sexual das mulheres quando se apresenta um déficit, uma inibição ou uma ausência, sem dúvida a queixa sexual mais frequente entre elas. As manifestações do desejo saudável, aquele que envolve entrega, consciência corporal, autoestima, prazer, satisfação, autoestimulação, antes mesmo de se pensar em envolvimento sexual, ainda é pouco explorado e muitas vezes abordado de maneira inadequada. De modo que, até hoje, associam o termo desejo com libido, este último refere-se à nossa pulsão ou energia vital. E ausência de desejo com frigidez, termo que caiu em desuso em meados da década de 90.
O desejo é entendido como a etapa inicial do ciclo de resposta sexual clássico, porém, desde 2001 é proposto um outro modelo para a resposta sexual feminina, o qual considera que a motivação sexual da mulher pode ser desencadeada por fatores não necessariamente sexuais. Neste caso, a experiência sexual parte de uma condição de neutralidade, e após envolvimento íntimo, foco nas preliminares e estimulação, o corpo responde com a excitação, e posteriormente desperta-se para o desejo e a vontade... Sendo assim, reconhecer desejo espontâneo e responsivo é fundamental, e estima-se que 20% das mulheres não tem nenhum.
Sendo assim, quais fatores podem afetar a manifestação do desejo sexual? Preocupações com segurança, privacidade, bem-estar físico e mental, transições no ciclo da vida, afazeres, obrigações, experiências sexuais anteriores e autoimagem sexual negativas, ansiedade de desempenho, medo da avaliação pela parceria, monotonia, ausência de fantasias, autoimagem e desconhecimento corporal, dor genito pélvica, constrangimento em falar sobre o assunto, a exigência social e os equívocos em cumprir papéis e performances sociais.
É importante salientar que a diminuição ou ausência de desejo só caracterizam um transtorno se houver sofrimento e/ou prejuízo pessoal e relacional. Se a mulher não tem desejo ou excitação sexual e não sente falta disso, pode ser considerado uma outra condição da sua sexualidade.
E o que pode auxiliar na preservação do desejo? entendimento do que lhe dá prazer para além do sexual, o que lhe desperta vontades, o que sustenta seu interesse por situações satisfatórias na vida, como você nutre suas fantasias e pensamentos eróticos, reconhecer se responde melhor a estímulos internos ou externos (escritos, verbais ou visuais), reconhecimento e exploração corporal, incluindo as sensações genitais.
Vale ressaltar que no isolamento social, o consumo do mercado erótico disparou, em especial vibradores, masturbadores e acessórios para casais. A busca por sexo virtual e a procura por fotos de nudes e conteúdos pornográficos aumentou nas plataformas digitais.
A masturbação e o sexo online foram recomendados até mesmo por órgãos de saúde em todo o mundo, dentro dos protocolos de isolamento decorrente da pandemia.
Caso tenha se conectado com algo aqui, não tenha receio de buscar auxílio
profissional. Conte com uma rede de apoio!

Marina Remiggi MEMBRO CRESEX
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