A adolescência é uma época difícil e muito conturbada para garotos e garotas pela ocorrência de várias mudanças físicas, emocionais, intelectuais e sociais. Com o desenvolvimento e transformação do corpo é natural que o adolescente enfrente emoções diferentes de surpresa, euforia, medo, culpa e outras, geradas por suas expectativas e frustrações.
A sexualidade é uma energia que nos acompanha a vida toda e na adolescência por causa dos hormônios, ela se manifesta de forma mais marcante e assim os jovens passam a lidar com as mudanças corporais, seus pensamentos, sentimentos e desejos em relação a outras pessoas.
É comum vermos meninos se assustarem não apenas com o seu porte físico, crescimento de pelos, alteração de voz, mas, também com as manifestações do seu corpo quando pensa ou assiste cenas de sexo e se excita; quando se masturba e tem ejaculação; quando tem desejo de ficar com alguém de forma mais intima e se molha. De maneira semelhante, as meninas também passam pelas modificações notadamente em seus seios e quadris e também ficam excitadas, tem desejos ao se tocarem e/ou imaginarem se relacionando com alguém que lhes provoca sensações prazerosas.
Muitas mudanças também ocorreram nos últimos anos na nossa cultura e assim com o incremento da tecnologia e a possibilidade de acesso à informação, percebemos que a educação sexual sai do contexto privado, íntimo, escondido, proibido, da geração anterior, para o público, exposto e apressado da geração atual.
A família muitas vezes com outros formatos, onde as funções de pai e mãe, homem e mulher podem ser exercidas de forma equivocada é outro fator que colabora para que se estabeleça algumas confusões na vida dos jovens, terceirizando os esclarecimentos a cerca da sexualidade para professores, livros, profissionais ou mesmo à navegação na internet.
A vivência da sexualidade também inclui temas como anticoncepção ou contracepção, doenças sexualmente transmissíveis e HIV/Aids, homoafetividade e masturbação, principalmente na adolescência que se caracteriza como um período de transformações físico-psicossociais.
A juventude na atualidade não tem encontrado psicoeducação adequada e de qualidade. Observa-se que há comprometimento da identidade do jovem e de suas escolhas sexuais e vocacionais, podendo até mesmo inferir que estejam muito perdidos e, com dificuldades para caminhar rumo a sua independência financeira e ao exercício saudável da sua sexualidade.
Temos hoje um alto índice de suicídios ocorrendo na faixa etária de 10 a 29 anos, demonstrados em vários estudos da OMS (Organização Mundial de Saúde) e outras instituições brasileiras. Além de fatores como uso de álcool e drogas e problemas mentais também são apontados outros fatores menos visíveis que influenciam esta perspectiva alarmante, dentre eles estão: a influência de filmes e séries; o impacto das redes e do universo digital que deixam a juventude mais vulnerável mental e emocionalmente. É citada também a falta de expectativa no futuro, incluindo baixo desempenho escolar, acadêmico e bullyings; os conflitos relacionados à orientação sexual incluindo a dificuldade de aceitação e problemas nos relacionamentos afetivos; e, ainda a falta de tratamento adequado.
Estimulados a buscar sua independência e autonomia financeira seja através de estudos e/ou trabalho. Percebemos no Brasil, ao contrário de países mais desenvolvidos uma extensão da fase da adolescência, na medida em que os pais continuam mantendo seus filhos financeiramente após os 18 anos.
Podemos então considerar a importância fundamental da psicoeducação para os jovens no sentido de fortalecer sua identidade, auto estima e auto imagem, e também orientá-los na descoberta e aceitação da sua sexualidade e expressão da mesma.
Miriam Vieira MEMBRO CRESEX
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